segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnaval.

Chegará um dia que tudo acabará. Será um domingo chuvoso de carnaval, onde todos estarão em festa menos duas pessoas.
Você irá me acordar com aquela cara amassada e dará um beijo no meu rosto inchado. Falará um bom dia seco e educado e eu pensarei que o que iria sair logo após da sua boca era uma fala desengonçada falando que sonhou comigo, pois assim além de me deixa instantaneamente feliz, meu dia ficaria cheio de esperança, mas nada acontecerá.
Pedirá para me arrumar, pegará a chave do carro, colocará aquela bermuda branca e a blusa preta, que é a sua favorita e consequentemente a minha também, e não se esquecerá da corrente de prata que te dei no outono passado. Irei me arrumar em um minuto e não colocarei maquiagem, você já estará acostumado a me ver com olheiras. Tomaremos café em qualquer esquina e mesmo sem nada de especial aquele momento ficará na nossa mente pra sempre, o ultimo café mal passado que bebemos juntos. Depois iremos a uma locadora meia boca e levaremos os filmes que serão só uma desculpa para distrair o nosso dia. Eu como sempre ficarei indecisa entre o romance americano ou suspense de arrepiar, mas logo após você no meu lugar acabará escolhendo. Voltaremos pra casa, com um saco de pipoca, 2 litros de coca-cola, três filmes e uma ilusão que o dia será perfeito. Ligaremos a TV, antes de colocar o filme assistiremos aquele seriado infantil e sem graça que você tanto adora. Deitaremos no sofá duro e estranhamente confortável, que guarda tantas lembranças, nos abraçaremos e assistiremos ao filme romântico onde o mocinho luta pra fazer o dia da mocinha o melhor possível mais no final o mocinho acaba morrendo e deixando a amada em dores, eu chorarei sem nenhum intervalo e você no termino irá dizer que não gostou do final. Para não dá brechas a uma possível discussão instantaneamente irei apertar play e iniciará uma comédia machista que mesmo sendo machista eu darei algumas gargalhadas e você estará em prantos de tanta graça. Entre um gole e uma mão cheia de pipoca para evitar aquela conversa que evitamos no dia seguinte com um sono e um trabalho de ultima hora, o risos farão eco na sala. Até que o filme acabará, e já não restará mais coca, nem pipoca, nem paciência para assistir outro filme à única coisa que não deixará o ambiente é um silêncio, mesmo com o som alto do vizinho feliz, o barulho do ventilador velho e minha reza silenciosa para que Deus evitasse aquela ocasião. Todo o esforço para que o dialogo não começasse teria sido em vão, pois chegará a hora e eu já havia entendido nas entrelinhas que não poderia fazer absolutamente nada. Mas de teimosa e cheia de esperança que você pensasse melhor, perguntarei:

-Existe algo que eu possa fazer?

E você triste, por me cortar o coração, responderá:

-Queria muito, mas é algo que nem eu, nem você podemos mudar.

Naquele momento não derramarei mais lágrimas, elas já haviam secado na noite anterior. Esperarei somente você pegar sua roupa ainda molhada, seus Cd’s, meu coração e minha vida, abrir a porta, me olhar pela ultima vez, dizer um “sinto muito”, mesmo eu sabendo que quem “sente muito” sou eu, e fechará a porta. Daquele instante por diante minha vida será um imenso torpor, estarei no piloto-automático...


... Até que alguém, um dia, irá até você e pegará o meu coração de volta.

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