Ele estava lá, sentado no banco, com o celular na mão, olhando o mar e esperando o óbvio.
Ela simplesmente não foi e não avisou que sua tia adoeceu, que tem um trabalho urgente para entregar ou qualquer desculpa que o faria manter a esperança que queria mas não poderia ir.
Deixou o silêncio.
Situação normal, sempre fugia daquilo que poderia fazer-la feliz, gostava da agitação dos bares, das paixões da noite, da bebida exagerada, das bocas sem cobranças, dos olhos de desejos, das companheiras de festas e do seu
quarto vazio.
Ela fugia sim e admitia isso. Fugia do barulho que ele fazia nela, fugia daquilo que poderia tirar o sossego, o sono, a fome e o choro. Ela preferia ficar com o presente sem se preocupar com o futuro. Ele queria o futuro e não se preocupava com o presente, o presente que era torturante, vê-la em outros braços e errando cada dia mais.
No futuro ele estará com outra e ela estará sentada, com o celular na mão, olhando o mar e esperando o óbvio.